Resumo
O depósito aurífero Amapari localiza-se no escudo das Guianas, nordeste do cráton Amazônico, no estado do Amapá, Brasil. Ele está hospedado em uma seqüência metavulcanossedimentar, correlacionável com a Suíte Metamórfica Vila Nova, de idade paleoproterozóica, tendo sido metamorfisada em condições da fácies anfibolito, deformada localmente por zonas de cisalhamento em regime dúctil-rúptil e cortada pelo granito Amapari, de caráter peraluminoso, há cerca de 2,0 Ga. A mineralização primária deu origem a dois corpos principais de minério: Urucum, ao norte, e Taperebá, ao sul, porém os teores de ouro mais compensadores (até 30 ppm) são oriundos do manto de enriquecimento supergênico. O ouro está em íntima associação com os sulfetos, principalmente com a pirrotita e subordinadamente com pirita, calcopirita, pentlandita, arsenopirita, galena e esfalerita. De um modo geral fraca, a mineralização é mais abundante nos xistos e, em seguida, nas formações ferríferas bandadas e menos ainda nos escarnitos. Além disso, quando mais deformadas as rochas, maiores são os teores dos sulfetos, sugerindo um forte controle estrutural para a mineralização. Sulfetos + Au ocorrem disseminados e em veios de quartzo finos e descontínuos que são, via de regra, discordantes aos planos de foliação das rochas. Ás vezes os sulfetos formam lâminas paralelas aos planos de acamamento das formações ferríferas. Os fluidos mineralizantes são de baixa salinidade (< equiv. 10% em peso de NaCl), moderadamente quentes (270 a > 420oC) e de composição aquo-carbônica, os quais devem ter resultado de reações de devolatilização em rochas a profundidades relativamente grandes durante o evento metamórfico regional. Essas soluções foram capazes de lixiviar ouro das rochas com as quais elas interagiram, tendo então migrado para as zonas de cisalhamento onde o ouro e os sulfetos foram precipitados em resposta a mudanças nas condições P-T-X dos fluidos. Au(HS)-2 ou complexo similar pode ter sido o mais importante agente transportador do ouro. O conteúdo mineralógico do minério, as feições estruturais, a composição dos fluidos mineralizantes, a idade da mineralização e o contexto geodinâmico permitem interpretar o depósito Amapari como um depósito orogênico de ouro desenvolvido em ambiente de colisão continental.
Abstract
The Amapari gold deposit, located in the Guiana Shield of the northeastern Amazon Craton, occurs in a Paleoproterozoic volcano-sedimentary sequence that is correlated with the Vila Nova Metamorphic Suite. This sequence has been metamorphosed under amphibolite conditions, locally deformed by brittle-ductile shear zones and intruded by the ca. 2.0 Ga peraluminous Amapari granite. Primary mineralization has formed two main orebodies - Urucum to the north and Taperebá to the south - with the richest gold contents (up to 30 ppm) contained in the supergene-enriched mantle. The gold is intimately associated with sulfides, chiefly pyrrhotite and subordinate pyrite, chalcopyrite, pentlandite, arsenopyrite, galena and sphalerite. Although the overall mineralization is relatively weak, the sulfides are most abundant in the schists. They are less significant in the banded iron formations, and even less in the skarns. Moreover, the more intensely sheared the rocks, the higher the sulfide grades, suggesting a strong structural control for the mineralization. Sulfides + gold occur as disseminations and in thin, discontinuous quartz veins that are generally discordant to the rock foliation. In places, the sulfides are concentrated in laminae parallel to the BIF banding planes. The mineralizing fluids are characterized as low-salinity (<10 wt.% equiv. NaCl), moderately heated (270 to >420 oC) aqueous-carbonic solutions that may have resulted from devolatilization reactions of deep-seated rocks during the regional metamorphism. These solutions were capable of leaching gold from the rocks with which they interacted and moved along discrete shear zones where gold and sulfides were precipitated in favorable sites in response to T-P-X changes of the fluids. Au(HS)2-, or a similar complex, seems to have been the most important gold carrier. Ore mineralogy, structural features, fluid composition, age of the mineralization and geodynamic setting provide supporting evidence to interpret the Amapari deposit as an orogenic gold deposit developed in a continental collision environment.
Key words: Gold ores, Disseminated deposits, Paleoproterozoic, Shear zone, Ore-forming fluids, Orogenic deposits, Brazil, Amapá
Dernière mise à jour le 03.08.2015